Sem dialogar, Ford desrespeita trabalhadores e fecha fábricas
A Ford pegou todos de surpresa ao anunciar unilateralmente nesta segunda-feira, dia 11, o fechamento de suas três fábricas no Brasil, o que resultará na demissão de cerca de 5.000 trabalhadores diretos, com forte repercussão em toda a cadeia produtiva do setor automotivo, inclusive na região do ABC. Isso apesar de a empresa ter recebido nos últimos 20 anos incentivos fiscais de aproxinadamente R$ 20 bilhões, segundo a Receita Federal, e de o Brasil ser um dos maiores mercados consumidores da indústria automotiva no mundo.
Há mais de 100 anos no Brasil, a Ford já lucrou muito no país graças à dedicação dos trabalhadores e aos benefícios que recebeu de governos federal, estaduais e municipais ao longo do tempo, mas agiu com total insensibilidade diante da atual situação de dificuldade, agravada momentaneamente pela pandemia, não dialogando com representantes dos trabalhadores, fornecedores e parceiros em busca de uma solução negociada.
Empresa perde mercado por próprio erro
Não é de hoje que a Ford vem perdendo mercado no Brasil. No ano passado, sua participação caiu para a quinta posição no ranking de automóveis e comerciais leves e para a sexta colocação considerando-se apenas o segmento de carros de passeio. É um indício de que a própria empresa vem errando ao não acompanhar a evolução do setor.
Num momento crítico como esse, o que se espera de um governo com projeto consistente para o Brasil é a cobrança do compromisso da Ford com a produção no país para atender o mercado interno, em vez de importar veículos da Argentina e do Uruguai. No entanto, o presidente Jair Bolsonaro limitou-se a lamentar a decisão da Ford, acrescentando que a empresa está querendo mais subsídios.
Não se pode admitir uma postura como essa do governo. Afinal, o desemprego já atinge 14,1 milhões de trabalhadores segundo o IBGE.
Banco do Brasil anuncia PDV para 5.000 trabalhadores
No mesmo dia do anúncio da Ford, o Banco do Brasil informou que abrirá PDV (Programa de Demissão Voluntária) com previsão de adesão de 5.000 funcionários e o fechamento de 361 unidades no primeiro semestre deste ano. Nos nove primeiros meses de 2020 o BB já havia fechado quase 1.800 postos de trabalho.
Fim do auxílio emergencial aumentará pobreza
É nesse contexto de mais demissões anunciadas pela Ford e pelo Banco do Brasil; da taxa de desemprego de 14,3%; de pandemia que está matando mais de 1.000 pessoas por dia e do alto custo da cesta básica que o auxílio emergencial foi interrompido abruptamente na virada do ano pelo governo Bolsonaro, sem nenhum outro programa de transferência de renda que alivie a situação financeira de milhões de famílias afetadas pelo coronavírus.
Embora tenha cogitado, o governo ainda não fez nem a reformulação do Bolsa Família, com o aumento do número de famílias beneficiadas e do valor do benefício. Em vez disso, acumula mais de 1 milhão de famílias na fila de espera do Bolsa Família.
Por isso, as centrais sindicais vêm lutando pela manutenção do auxílio emergencial de R$ 600 enquanto o Brasil estiver sob pandemia. "Além de enfrentarmos diariamente a pandemia e brigarmos pela vacina para todos contra a Covid-19, insistiremos no retorno do auxílio emergencial, uma espécie de vacina social para as pessoas terem um mínimo de sobrevivência", afirma Miguel Torres, presidente nacional da Força Sindical.
Segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), em São Paulo, a cesta básica custava em outubro de 2020, em média, R$ 631,46, o equivalente a 53,45% do salário mínimo
Juntos somos mais fortes!